Quando se encontraram, na Rua do Sem Querer, ela não era
mais menina, ele não envelhecera tanto. Os corpos trazem histórias diferentes
da alma.
O que terá sido?
O que teria sido?
Perguntas que não se fazem sozinhas, mas se adivinha.
O trivial contar dos dias, das vitórias, de uma ou outra
batalha perdida.
Os ouvidos ouvem. A boca responde. Mas os olhos...
Os olhos não buscam palavras, não precisam delas.
A ponta do pé esquerdo dele chuta o chão. O pé direito
finca-se no solo como um esporão. Não vai nem vem.
O pé direito dela apaga o inexistente cigarro e seu
calcanhar circula como uma brincadeira infantil. O pé esquerdo finca-se como um
esporão no solo. Não vai nem vem.
Os pêlos eletrizados.
O coração, quem diria?, acelerado.
A respiração ritmada.
O tempo mudou.
Uma garoa.
Coisa pouca.
Umas gotas mal caídas do céu
dispersam o encanto para suas opostas direções e encerram a história.
Uma garoa.
Coisa pouca.
Umas gotas mal caídas do céu.
FIM
Maravilhosos
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