Capela de São Miguel Aracnjo - SP |
Em 1988 trabalhei em uma agência bancária em São Miguel
Paulista (cidade de São Paulo). Havia um jornalzinho interno, editado por um
funcionário antigo do lugar.
Um pouco depois da minha chegada esse funcionário saiu. Eu
não sei como a responsável pela agência sabia que eu gostava de escrever. Fui
convidado para assumir a redação do tal jornal. Aceitei acreditando que teria
liberdade para escrever.
Minha primeira matéria foi sobre o aumento das mensalidades
das escolas particulares. Muitos funcionários, na tentativa de criar mais
oportunidades para seus filhos, eram clientes dessas instituições educacionais.
Acreditando que o jornalismo se baseia em isenção de opinião e demonstração de
vários pontos de vista (nunca fui jornalista, nem estudei jornalismo, era
apenas um amante dessa arte), montei um texto que demonstrava os problemas que
o aumento causaria, como também a necessidade das escolas manterem seus bons
professores e sua boa estrutura. Tentei não deixar transparecer minha opinião,
apenas queria distribuir elementos para discussão. É claro que havia outras
matérias sobre aniversários e casos engraçados e corriqueiros da agência.
O texto foi elogiado pela moça que me convidou. Antes de
imprimir, porém, era necessária a aprovação do gerente da agência... Algumas
escolas particulares eram correntistas daquela agência...
As vezes que perguntei sobre a a aprovação recebia como resposta um cara fechada e o silêncio.
Aquela edição não foi
impressa e nunca mais (até eu sair do banco) não se falou mais de jornal
interno na agência de São Miguel Paulista.
Vivemos (não sei desde quando) uma época de muitos filtros.
Cada um desses filtros elimina o que considera tóxico.
Por quantos filtros passou a notícia que você lê/ouve/vê?
Por quantos filtros passam as suas opiniões?
PS: este texto passou pelos filhos do Artesão da Literatura
que quer um maior número de acessos em sua página e uma maior venda de seus
livros!
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