A vida está
confusa e não é de agora. Não queiram jogar a culpa apenas no terrível vírus
mundial. O problema é mais antigo!
Acho que não
demos conta que, lentamente (suponho), uma mudança começava. Ao percebermos
(apenas alguns já perceberam ou todos?) o estrago já era enorme... e ainda
aumenta.
Eu sempre me senti um peixe fora do cardume, mas talvez seja o tempo de perceber que estar
fora do grupo e, embora distante, nadar para o mesmo destino significa também
fazer parte. Eu sentia um incômodo, ralhava para meus espelhos, gritava rouco
para poucos, escrevia para apenas uns tantos. Isso, de certa forma, por ser
mínimo é também um outro jeito de calar.
Esse é o mal
que falo: o nosso silêncio!
Falamos demais em redes sociais com inúteis
verbetes que são mais ecos do que gritos. Lemos normas de condutas e aceitamos.
Seguimos cartilhas de mordaças e tabuadas subtrativas. O silêncio que menciono
aqui não se trata da falta de som. Aliás, estamos barulhentos demais; como
demais são todos os nossos maus vícios. O silêncio é da tradução dos nossos
pensamentos.
Dos Nossos
Pensamentos.
As pesquisas na
internet formam as opiniões e deformam pensamentos. Os protestos são atualmente
traduzidos como “notas de repúdio” jamais lidas. Muitos acreditam que Revolução
é eleger a oposição. As oposições políticas hoje são um filho “menos mau” do
mesmo clã.
As famílias da
comunicação proíbem manifestações contrárias! E nós, dignos e honrados cidadãos,
que zelam pelo nome limpo e o zeloso cumprimento das obrigações; que procuram olhos que nos vejam como bons; que
sucumbem palavras e ideias em prol do bem viver; deixamos morrer a rebeldia. Pelos
dedos desta nossa geração deixamos escapar a indignação, a discordância, a relutância,
a ânsia de viver.
Somos o pássaro
na mão e não os que voam. Sobrevivamos, pois, calados! Alheios a tudo que nos oprime
e deprime. Sejamos como todos e paguemos, sorridentes (é para isso que servem
os dentes?) tudo que nos é imposto. Neste mundo sem manifesto, o silêncio
(dizem os prudentes) vale ouro e ninguém quer morrer pobre.
Trocadilhos
a parte, é preciso esclarecer que esse nome; prefácio, não condiz com a
responsabilidade da ação. Apresentar uma obra para os leitores conduz a uma
responsabilidade desafiadora e, ao mesmo tempo, causa uma certa ansiedade.
Quando o autor é amigo de infância e alguém que você tem muita admiração, aí a
situação fica ainda mais complicada. Mas, aceito o desafio, o melhor a fazer é
encarar a tarefa com honra e torcer para não frustrar a expectativa.
O
que me deixa mais confortável é saber que, como já citado, a amizade duradoura
também ajudou a acompanhar a trajetória e, não sem um pouco de inveja, a
capacidade do autor de interagir com as palavras como se elas fossem alguém que
gostaríamos de namorar; ou esganar. O Valente consegue transitar entre a prosa
e o verso com qualidade exemplar. É um artesão da literatura. Conduz o texto de
forma fluída, leve e com um toque de ironia que, ao leitor desatento, pode
passar desapercebida no início, mas que aos poucos vai sendo desnudada pela
linguagem simples e enxuta. O carinho com que transforma os escritos em objetos
únicos é apaixonante.
O
livro Matar o Mário é mais um desses objetos literários. O conto é uma daquelas
narrativas em que o leitor fica curioso só de ler o título e começa a entrar na
trama sem se aperceber. É como se fosse um personagem oculto, um álibi do
anunciado desde o início.
Essa
teia vai se desenrolando num ritmo angustiante, com toques suaves de ironia e
humor. Então, o melhor a fazer é degustar a narrativa e acompanhar o destino de
Mário em mais uma obra dentro das "HISTÓRIAS DO ARTESÃO DA LITERATURA”.
(Explicação antes de você ler: Segue uma poesia, ou um
conto, ou uma crônica, ou algo indefinido e repetido para uma cidade que é confusa.
Por isso segue o texto sem quase pontuação. Os únicos pontos que achei merecidos foram os pontos finais!)
São Paulo
São Paulo é bonita
São Paulo é bonita como uma casa
São Paulo é bonita como uma casa em um condomínio fechado.
São Paulo é bonita como uma casa em um condomínio fechado
coberto com um telhado cinza.
São Paulo é bonita como uma casa em um condomínio fechado
coberto com um telhado cinza e janelas.
São Paulo é bonita como uma casa em um condomínio fechado
coberto com um telhado cinza e janelas que mostram um belo jardim.
São Paulo é bonita como uma casa em um condomínio fechado
coberto com um telhado cinza e janelas que mostram um belo jardim com piscina
aquecida.
São Paulo é bonita como uma casa em um condomínio fechado
coberto com um telhado cinza e janelas que mostram um belo jardim com piscina
aquecida e flores de jardineiro.
São Paulo é bonita como uma casa em um condomínio fechado
coberto com um telhado cinza e
janelas que mostram um belo jardim com piscina
aquecida e flores de jardineiro iguais as outras casas.
São Paulo é bonita como uma casa em um condomínio fechado
coberto com um telhado cinza e janelas que mostram um belo jardim com piscina
aquecida e flores de jardineiro iguais as outras casas que estão invisíveis.
São Paulo é bonita como uma casa em um
condomínio fechado
coberto com um telhado cinza e janelas que mostram um belo jardim com piscina
aquecida e flores de jardineiro iguais as outras casas que estão invisíveis
atrás dos visíveis muros cinzapichados.
São Paulo é bonita como uma casa em um condomínio fechado
coberto com um telhado cinza e janelas que mostram um belo jardim com piscina
aquecida e flores de jardineiro iguais as outras casas que estão invisíveis
atrás dos visíveis muros cinzapichados onde pássaros cantam.
Adicionar legenda
São Paulo é bonita como uma casa em um condomínio fechado
coberto com um telhado cinza e janelas que mostram um belo jardim com piscina
aquecida e flores de jardineiro iguais as outras casas que estão invisíveis
atrás dos visíveis muros cinzapichados onde pássaros cantam enjaulados pedindo
socorro.
São Paulo é bonita como uma casa em um condomínio fechado
coberto com um telhado cinza e janelas que mostram um belo jardim com piscina
aquecida e flores de jardineiro iguais as outras casas que estão invisíveis
atrás dos visíveis muros cinzapichados onde pássaros cantam enjaulados pedindo
socorro e não são ouvidos.
São Paulo é bonita como uma casa em um condomínio fechado
coberto com um telhado cinza e janelas que mostram um belo jardim com piscina
aquecida e flores de jardineiro iguais as outras casas que estão invisíveis
atrás dos visíveis muros cinzapichados onde pássaros cantam enjaulados pedindo
socorro e não são ouvidos porque o som dos carros e todos os outros veículo impedem.
São Paulo é bonita como uma casa em um condomínio fechado
coberto com um telhado cinza e janelas que mostram um belo jardim com piscina
aquecida e flores de jardineiro iguais as outras casas que estão invisíveis
atrás dos visíveis muros
cinzapichados onde pássaros cantam enjaulados pedindo
socorro e não são ouvidos porque o som dos carros e todos os outros veículo impedem
da mesma forma como está impedida a imagem dos funcionários.
São Paulo é bonita como uma casa em um condomínio fechado
coberto com um telhado cinza e janelas que mostram um belo jardim com piscina
aquecida e flores de jardineiro iguais as outras casas que estão invisíveis
atrás dos visíveis muros cinzapichados onde pássaros cantam enjaulados pedindo
socorro e não são ouvidos porque o som dos carros e todos os outros veículo impedem
da mesma forma como está impedida a imagem dos funcionários que cumprem seu
verbo e fazem tudo funcionar.
São Paulo é bonita como uma casa em um
condomínio fechado
coberto com um telhado cinza e janelas que mostram um belo jardim com piscina
aquecida e flores de jardineiro iguais as outras casas que estão invisíveis
atrás dos visíveis muros cinzapichados onde pássaros cantam enjaulados pedindo
socorro e não são ouvidos porque o som dos carros e todos os outros veículo impedem
da mesma forma como está impedida a imagem dos funcionários que cumprem seu
verbo e fazem tudo funcionar mas vivem em um quintal esquecido.
São Paulo é bonita como uma casa em um
condomínio fechado
coberto com um telhado cinza e janelas que mostram um belo jardim com piscina
aquecida e flores de jardineiro iguais as outras casas que estão invisíveis
atrás dos visíveis muros cinzapichados onde pássaros cantam enjaulados pedindo
socorro e não são ouvidos porque o som dos carros e todos os outros veículo impedem
da mesma forma como está impedida a imagem dos funcionários que cumprem seu
verbo e fazem tudo funcionar mas vivem em um quintal esquecido longe da sala e
da biblioteca distantes da cozinha depois da lavanderia e além da lixeira.
São Paulo é bonita como uma casa em um condomínio fechado
coberto com um telhado cinza e
janelas que mostram um belo jardim com piscina
aquecida e flores de jardineiro iguais as outras casas que estão invisíveis
atrás dos visíveis muros cinzapichados onde pássaros cantam enjaulados pedindo
socorro e não são ouvidos porque o som dos carros e todos os outros veículo impedem
da mesma forma como está impedida a imagem dos funcionários que cumprem seu
verbo e fazem tudo funcionar mas vivem em um quintal esquecido longe da sala e
da biblioteca distantes da cozinha depois da lavanderia e além da lixeira onde cantam
a beleza da cidade concretada de incertezas mas que é bela como toda
dissimulada simulação da natureza.
São Paulo é bonita como uma casa em um condomínio fechado
coberto com um telhado cinza e janelas que mostram um belo jardim com piscina
aquecida e flores de jardineiro iguais as outras casas que estão invisíveis
atrás dos visíveis muros cinzapichados onde pássaros cantam enjaulados pedindo
socorro e não são ouvidos porque o som dos carros e todos os outros veículo impedem
da mesma forma como está impedida a imagem dos funcionários que cumprem seu
verbo e fazem tudo funcionar mas vivem em um quintal esquecido longe da sala e
da biblioteca distantes da cozinha depois da lavanderia e além da lixeira onde cantam
a beleza da cidade concretada de incertezas mas que é bela como toda
dissimulada simulação da natureza e encanta aos olhos dos turistas.
São Paulo é bonita como uma casa em um condomínio fechado
coberto com um telhado cinza e janelas que mostram um belo jardim com piscina
aquecida e flores de jardineiro iguais as outras casas que estão invisíveis
atrás dos visíveis muros cinzapichados onde pássaros cantam enjaulados pedindo
socorro e não são ouvidos porque o som dos carros e todos os outros veículo impedem
da mesma forma como está impedida a imagem dos funcionários que cumprem seu
verbo e
fazem tudo funcionar mas vivem em um quintal esquecido longe da sala e
da biblioteca distantes da cozinha depois da lavanderia e além da lixeira onde cantam
a beleza da cidade concretada de incertezas mas que é bela como toda
dissimulada simulação da natureza e encanta aos olhos dos turistas que dizem
por porque ouviram e costumam sempre concordar que é bonita a São Paulo para se
olhar.