terça-feira, 30 de junho de 2015

SOLITARIEDADE


     Já choveu forte à tarde. Agora que a noite reina, há alguma garoa. Talvez num futuro de minutos caia chuva. A mulher de roupa escura entra na Igreja do Carmo para participar um pouco da vigília. Mesmo que queriam que ela passe a noite lá, irá embora lá pelas 23.
     Quando sai às ruas estão vazias. A lanchonete, que fica aberta a noite toda, fechou. Nem os pedintes, nem a polícia, nem gente com pressa, nem ninguém pra dar medo ou segurança. Talvez o pessoal do metrô esteja trabalhando... mas estão sob o asfalto e não é possível vê-los da rua. A drogaria aberta, mas a caixa não é a de toda noite e ela está distraída com um fone de ouvido. A Paulista não está longe, mesmo assim não se ouvem os barulhos de lá. Um carro eventual faz o agradável barulho dos pneus se espremendo no asfalto molhado.
     Prédio sem porteiro. Os vizinhos devem ter saído. A porta precisa de umas gotas de óleo. A luz ainda é amarela. O sapato é macio e não machuca o fino carpete de madeira. Optou por deixar a televisão desligada. Conferiu a bateria do celular. Verificou se o telefone fixo tem linha. Não pensou em ligar pra nenhuma amiga. Todas estão na vigília ou em casa com a família. Recusou os convites de passar o ano com uma família emprestada. Estava bem assim!
     Olhou tudo em volta. Lembrou da sala cheia, dos filhos brincando, do marido bravo e ausente, da sogra, do sogro, da irmã e o cunhado, os sobrinhos que bagunçavam com os filhos. Lembrou de rabanada, de carne assada, da semana de preparativos, do molho com vinho...
     Deixou de bobagem e foi pro banho. O corpo envelhecido já vira muitos dias 31 de dezembro se transformarem em primeiro de janeiro. Acha que já fora feliz!
     A camisola não é nova, não há motivo para novidades. Reviveu os pijamas da infância, as roupas novas pra mudança do ano, as bolachas feitas em casa, Pai, Mãe, Avós, primos e irmãos e irmã, as brincadeiras, o respeito com os mais velhos. Sabia que antes ninguém ficava sozinho tendo família. Era respeito, compaixão. Era saber em quem se podia confiar. Era valorizar as pessoas pelo que já haviam feito.
     Sentou-se à mesa. Duas frutas que gosta muito. Comeu devagar. Ouviu os fogos da Paulista. Pensou, meio vazia, que o ano era novo.
     Conferiu a bateria do celular. Verificou se o telefone fixo tem linha. Tudo em ordem.
     Foi dormir.
     Parece que ouvia o filho pedir pra dormir com ela. Ele tinha medo e ninguém poderia saber.
     Parece que sentia a filha lhe pedir pra fazer cachinhos quando acordarem e era pra ela não esquecer.
     Acendeu a luz. Pensou ter ouvido o telefone tocar.
     Silêncio!
     Dormiu.
     Acordou cedo e sem pressa pra um dia sem ter aonde ir. Nem sinal de vida dos filhos, nem pra saber se ela ainda está viva. Ela não sabe que a “mais valia” não é só coisa de economia. Na consciência de hoje, somos enquanto valemos. Quando não mais nos precisam... (melhor nem dizer). Se algum dia precisarem de algo, eles ligam.
     Ela está viva e assim será por muito tempo, eu sei.
     O resto do ano já sabe como fazer, como ocupar o tempo e o pensamento. Mas essa coisa de fim de ano... puxa, isso chateia a gente!


sexta-feira, 19 de junho de 2015

AS LENTES

(Texto integrante do livro: PALAVRAS QUE CONTAM)

O sol rompe pela janela abruptamente aberta. Ele não ouve um “Bom dia!” carinhoso, o que daria ao ato de acordar uma suavidade necessária e merecida por todos. Ao contrário, é enxotado da cama ouvindo adjetivos como “vagabundo” e “preguiçoso”, que não são palavras que dão muita força ou ânimo a ninguém. A mulher amanhecida irritada, como todos os dias, não se incomoda em demonstrar o quanto o acha abjeto.
Vai para o banho e tenta, sob o chuveiro quente, começar o dia de uma maneira mais digna. Porém, seu aconchego na água dura apenas três minutos. É esse o tempo que ela espera para desligar a energia elétrica. A manhã volta a mostrar suas garras frias, na forma de água gelada.
Vai para o café. A sogra, que já toma a segunda cerveja e suga o terceiro cigarro do jovem dia, o chama de inútil, pois ainda não comprou a TV de muitas polegadas que todas as outras sogras da rua têm. Ele, para ela, é “uma vergonha!” O melhor a fazer é engolir o café com leite e nata e esquecer o pão. É preciso sair logo dali.
Tenta passar pela sala com cuidado. O monstro, que nunca foi filho dele, deixou desde ontem espalhados pelo tapete da sala vários brinquedos. Antes mesmo que seus pés dessem dois passos ali, ouve o grito infantil para que ele tenha cuidado e não quebre nada. Ainda recebe mais um adjetivo para não se orgulhar: “imbecil!”
Decide sair pelos fundos, como todos os dias. Mal chega na calçada, o dragão feroz da vizinha corre atrás dele sob o olhar vigilante da dona, que diz em alto e bom tom que o culpado é ele mesmo; pois naquela hora, todos na rua sabem, a calçada é o banheiro do doce canino que, aliás, é tímido e não gosta de ser observado nas suas intimidades e só por isso ataca. Será que ele não poderia ter esperado mais um pouco para sair? É um “burro” mesmo!
Tendo escapado do animal, é preciso mudar de calçada. Naquela em que está, há uma árvore frondosa e linda, mas que cria sob suas teias de madeira um breu assustador.
Chega ao serviço. Pega o elevador. Como se seguisse um roteiro, é o primeiro. Como todos os dias, também embarca, para a mesma viagem elevatória, o dono da empresa. Ele tenta ao máximo não se fazer notar. O medo de se mostrar vem da crença de que se o Senhor Fernando o perceber irá notar a sua mediocridade e o despedirá.
Na seção tem que obedecer às ordens do chefe, que tem nome de gigante: Adamastor. Mas seu gigantismo está na maldade que tem: passar as manhãs atormentando seu funcionário mais assustado e, justamente por causa disso, o mais atrapalhado. Ri alto e diz para todos que é um sujeito piedoso, pois ainda o mantém no emprego e por isso merece sua eterna gratidão.
Hora do almoço. Pega o pão e vai procurar a solidão na rua. Vê um pequeno tumulto ali perto. Percebe que era um ambulante. Aproxima-se quando todos já saíam!
O vendedor aproveita o interesse do cliente de última hora. Oferece lenços para suores frios, gravatas de combinação universal, talco para o pé direito e outro para o pé esquerdo, boné refrescante. Mas nada o impressiona... até que ele lhe mostra as lentes da verdade.

Protegidas em um estojo que parece de plástico simples, mas que, na verdade, é de um material especial. As lentes são muito antigas. Surgiram antes até da aparição de Cristo. Não há prova escrita na Bíblia, entretanto, ao que tudo indica, foram usadas por São Tomé, o mais desconfiado dos apóstolos, aquele que só acreditava vendo. E via através das lentes da verdade, é claro. A armação? Não lhe engana, a armação é nova. O segredo é que as lentes estão disfarçadas de óculos comuns para que não caiam em mãos erradas. Mas calma com o entusiasmo...
Não sabia se pode vendê-las a ele. Não por causa do preço, afinal não são tão caras como deveriam ser devido às suas propriedades. Ele só poderá vendê-las se ele for uma pessoa merecedora vista pelas lentes. E, para que tudo fique claro, caso seja merecedor, terá que respeitar a regra de uso. De posse das lentes bastará olhar através delas e ver como as coisas e as pessoas realmente são. Abaixando o tom da voz, quase sussurrando, diz que só não poderá usar com uma pessoa, aquela de quem as pegou. Caso não siga a regra, ficaria terrivelmente cego.
Trato combinado, o vendedor põe os óculos e olha para ele da cabeça aos pés. O momento de se descobrir é sempre um momento de angústia. Mesmo os mais fortes temem a visão do espelho da alma. Mas, então? O que se vê?
O vendedor olha sério para ele e pergunta se quer mesmo saber. Ele disse que sim, que esta preparado e queria logo saber.
- Um idiota! Um tolo! Um parvo!
Se o vendedor dissesse qualquer qualidade positiva ele não levaria as lentes. Na verdade eram essas as palavras que se sentia ser a vida toda. E pensa que o camelô não diria isso, correndo o risco de perder a venda se não tivesse realmente visto isso.
O vendedor, pedindo desculpas pela sinceridade, tira os óculos e já os guarda quando ele perguntou se a um idiota é permitida a posse das lentes. “Claro que sim!” Só as pessoas más não podem possuí-las. O preço é de R$100,00. Valor que só serve para que não sejam dadas de graça, pois se fosse cobrar pela utilidade seria coisa de milhões. Ainda dá um conselho como brinde, que ele não fale das propriedades das lentes para ninguém.
João até pensa em estrear as lentes com o vendedor, mas o medo de ficar cego o impede.
Caminha com os óculos no bolso da camisa. Aguarda um bom momento para estreá-los.
Entra no elevador e, antes das portas fecharem, entra o Seu Fernando. Só os dois dentro do cubículo de aço. Decide estrear os óculos, e aproveita também para se esconder sob as lentes. Fecha os olhos, coloca os óculos e vai abrindo as pálpebras devagar. Quando volta a ver, dá de cara com Seu Fernando observando-o e comentando que não se lembre dele usando óculos.
Pelas lentes da verdade, Seu Fernando é uma pessoa normal. Conversam sobre a iluminação precária do prédio. João fala de umas ideias que Seu Fernando gosta e o incumbe de fazer um relatório sobre o assunto e que lhe entregue em mãos. Ao sair do elevador, Seu Fernando se diz surpreendido pelas ideias de pessoa sempre tão quieta, e que a empresa está precisando mesmo de novas ideias e novas atitudes.
Entra no setor mais confiante. Pousa os óculos sobre a mesa e começa um relatório.
O gigante chega ainda palitando os dentes e cara de mau. Começa com as piadinhas de sempre. Percebendo que irá ficar nervoso, decide colocar os óculos e olhar para o supervisor.
Adamastor, na verdade, tem a metade da sua altura. Franzino e com um bigodinho ridículo. João levanta-se, estica o corpo, olha-o de cima para baixo e exige respeito de maneira simples e firme. A seção toda para. Ninguém esperava essa reação. Continua falando que está fazendo um relatório a pedido do Seu Fernando e que, se ele não mudar o comportamento, e acabar com as piadinhas ofensivas que nem graça têm, ele fará outro relatório contando isso e entregará junto com o que está fazendo. O chefe, acuado, pede desculpas e sai sem jeito. João tem até a impressão de ouvir uma das secretárias bater palmas tímidas e dizer baixinho “é isso ai, João!”. Mas não procura saber se foi só impressão ou fato.
No caminho de volta pra casa chega perto da frondosa árvore e suas teias assustadoras. É hora de colocar as lentes novamente. O que ele vê? Apenas uma sombra escura. Passa por ela sem medo.
Mal sai da sombra, o dragão da vizinha vem pra cima dele. Virando o rosto para encarar a fera, vê que ele é apenas um cachorro. Dá-lhe um chute merecido que faz o cão chorar. A vizinha vem reclamar e ele ordena que ela o mantenha preso e não atacando as pessoas. Caso contrário, reclamará na prefeitura. Ela fica boquiaberta!
Entra em casa. O monstro infantil começa a gritar com João. Ele, ainda de óculos, vê que o tal monstro é apenas uma criança. Determina severamente que ele se cale. O garoto arregala os olhos. Sem perder a determinação, João diz que quer a sala livre dos brinquedos. Olha o garoto nos olhos e completou que aquilo é uma ordem.
Na cozinha a sogra anuncia ao mundo que “o inútil chegou”. João olha para ela e vê uma velha mal resolvida na vida, egoísta e individualista que segura numa das mãos uma cerveja e na outra um cigarro. Percebe que é também mais alto que ela. Informa que é com o dinheiro dele que ela pode beber e fumar daquele jeito. João diz que está feliz por financiar a antecipação da morte dela. Vai até o televisor e o joga ao chão. A sogra olha assustada os pedaços de vidro e plástico, não acredita na loucura do genro. João fala que se ela quiser ver TV, que vá para a casa da vizinha e atormente outra pessoa.
Entra no quarto. Pega uma mala e começa a colocar algumas roupas. A mulher, agora é a vez dela, entra toda nervosa e gritando com todos os direitos que acredita ter. Ele olha para ela. Que óculos são esses? Pra que essa mala? Está ele doido ou o quê? João diz que doido estava quando resolveu viver com ela. Que foi um tolo ao permitir que ela, a mãe e o filho se mudassem para sua casa! Que foi um idiota ao sustentar todos sozinho e não ter direito nem a um demorado banho quente! Mas isso já era passado. Está pegando algumas roupas e dormirá num hotel por três dias. Nesse tempo ela que arrume outro lugar para morar com todo o circo de horrores que é a sua família. Quando voltar não quer ver mais nenhum deles.
Ela tenta dizer algo sobre a idiotice que é aquilo, mas ele se levanta e indica a porta para que ela saía e ordena que se cale. A decisão é essa, sem chance de mudança. Ela sai chorando, e é acompanha na porta do quarto pelo filho e pela mãe, que também estão chorando, assustados e arrependidos. Mas é tarde demais para mudanças de atitude.
Faz a mala e vai ao banheiro. Na pia, tira os óculos. Enche as mãos de água e esfrega o rosto. Lembra-se que ainda não havia se visto com os óculos. João os coloca mais uma vez e olha-se demoradamente no espelho. Não vê um idiota, nem um tolo, nem um parvo.

João simplesmente vê João!

segunda-feira, 8 de junho de 2015

Leo

(Para: Leomaristi)
    

Entre a passagem de som e a apresentação, quase uma hora. Os técnicos ajustam o de sempre, ajudantes arrastam cabos daqui pra lá e de lá pra cá. No vidro redondo o whisky derrete o gelo.
Vento na minha nuca. Olho para trás. O imponente mosteiro guarda minhas costas. Nele a janela por onde o Papa olhou as ruas de São Paulo.
Provavelmente ele nem viu mesmo as ruas. A multidão cobria qualquer geografia urbana. Creio que, como um príncipe, ele ficou encantado. Eu não estava aqui, mas vi numa reportagem da televisão.
O Papa não viu as minhas ruas de São Paulo. Estas aqui onde foi montado o palco e que eu percorria apressado ouvindo as batidas do São Bento.
Dim-dôm-dôm-dómm
Dôm-dôm-dôm-dómm
Dim-dôm-dôm-dómm
DÓOMM- DÓOMM- DÓOMM- DÓOMM- DÓOMM- DÓOMM- DÓOMM- DÓOMM- DÓOMM- DÓOMM- DÓOMM

Doze horas batia o São Bento!
As pessoas caminhavam. A mim não importava para onde iam, o importante é que elas caminhavam para todos os lados, apressadas. O Largo, bilhetes da federal, pessoas em trapos, esmolas em moedas, graxa a quinhentos, frutas a mil, medo de graça, gravatas, saias, calcinhas, meias, paletós, decotes.
Se eu estivesse com pressa não pararia na roda, não ouviria o discurso de Jeová, não descobriria o engano das cartas, não sentiria o pó da erva que queima, não teria percebido as pessoas.
Estudantes riam dos perdidos. Os velhos abriam suas bocas e dentaduras para falar das suas doenças e do seu tempo, que não era aquele. Garotas se sentiam como modelos e faziam poses. Garotos deixavam a mão boba. O apaixonado esperava a musa que havia perdido a hora, o dia ou a paixão. Namorados brigavam e beijavam. Eu assistia a tudo.
Mudava de ares. Rua São Bento. A correria do almoço. Lojas cheias, travessas apertadas, bares lotados. O Hare-Krishina parava quem podia. A mudinha gritava agradecendo a esmola (eu acho). Um anão tocava um pandeiro ao lado do senhor do realejo. Gotas de água de um ar-condicionado imitavam as pombas e caia na cabeça dos desconfiados. Amigos num café. Alguém com pressa e bravo porque não pode andar rápido. Barulho de passos calçados e não de gente.
Uma vez alguém passou sozinho, sorrindo felicidade. Achei estranho: como seria feliz se estava envolto nesses pedintes, trombadinhas, nessas injustiças, no medo que era o país? 
Noutra vez um rosto apaixonado, suspirando. Fiquei indecifrado. Naquele tempo, o amor, para mim, era tão passageiro e indefino quanto eterno e confiável. Seria medo da solidão? Seria incapacidade de realização material? Seria apenas amor?
Meus pensamentos sempre foram contraditórios.
Quando passava uma pessoa chorando eu me perguntava como é que alguém pode ficar triste no meio de tanta beleza. Pessoas que passavam alegres, sorrindo. Uma música bonita que vem de dentro das portas ou dos cantores de rua servia como trilha sonora. Palhaços nas lojas me faziam rir. Pessoas tropeçavam e caiam engraçados ou quase. Tanta alegria, como deixar a lágrima cair?
Gestos gentis de pessoas educadas eu achava farsa. Tudo era engodo para nos manter civilizados. O ser humano natural não precisava desse manto social. Meu olhar crítico declarava que éramos egoístas, relaxados, loucos, esquisitos, imundos...
Milhares de pensamentos, contradições, imagens, lembranças.
Na Rua Direita, frutas poluídas, geladeiras, calças jeans, máquinas de lavar. Como era boa a vida na civilizada.
Nas bancas os assuntos que não terminavam, os que nunca começavam, os proibidos, os seios cobertos por papel vermelho, opiniões em fascículo, a alienação dos não alienados, a oposição dos que não querem mudança, o futebol e Ayrton Senna.
No centro de São Paulo nunca se sabia o que se iria pensar ou o que iria acontecer. As surpresas nos esperavam em cada esquina dobrada. De repente algo começava, num outro repente algo acabava. Rápido assim como terminava minha hora de almoço.
Depois XV de Novembro, Boa Vista, cartórios, bancos, fliperama. Eu não me perguntava mais nada, nem reparava em sapatos ou jornais. A pressa era minha companhia. Treze horas batia o São Bento e eu nem percebia.
Hoje, sobre este palco, vejo as ruas de um jeito que não via.
A Florêncio de Abreu numa curva elegante com a Boa Vista. O Largo estreito e o viaduto da Santa que eu chamava Ingênua, mas é Ifigênia. A São Bento é uma enorme calçada feita de atropelos. A Líbero Badaró parece que foi esquecida pelo tempo.
Aos poucos o povo chega. O que era cimento, pedra, calçada ou asfalto, vai se tornando cabeças. Não há mais ruas.
Vejo o prédio rosa e me sinto tão enorme como o Martinelli e tão encantado como o Papa.
Abaixo a cabeça e faço dobrar meu baixo para que meu suor agradecido e seu soar enaltecido sejam percebidos pelo Mosteiro, pelas ruas, pelas cabeças, pelo centro da minha cidade.


Dó-dôm-dóm.